quinta-feira, junho 30

Você conhece os vinhos IGW?

Investimento em vinhos pode render mais que bolsas comuns, mas antes de se aventurar é preciso entender o mercado


Por Douglas Andreghetti

Desde o início dos anos 90, o mercado mundial de vinhos finos vem registrando um expressivo aumento de preços, impulsionado principalmente pela demanda de países da Europa, Estados Unidos, Japão e, mais recentemente, a Rússia e China. A partir de 2000, os traders internacionais começaram a perceber que alguns vinhos se valorizavam acima da média de outros indicadores, como o índice Dow Jones e o FTSE. Estes vinhos ficaram conhecidos em Londres e Nova York como IGWs: Investment-Grade Wines. Produtores consagrados como Lafite- Rothschild, Latour, Ausone e Pétrus tornaram- se "blue chips:" do mercado , enquanto outros mais recentes viram seus vinhos alcançar status de celebridades como Sassicaia, Screaming Eagle e Numanthia.

Desta forma, o mercado de vinhos finos tornou-se uma excelente opção de diversificação de investimento, com estratégias bem definidas de entrada e saída, como qualquer outro ativo.

Quais são as premissas básicas para um vinho tornar-se IGW?

1) Pontuação

Os vinhos com score acima de 95 pontos são os preferidos pelos investidores e Wine Funds em todo o mundo, mas é importante entender quais são as publicações e críticos mais reconhecidos em cada região:

The Wine Advocate

Robert Parker: Bordeaux, Rhône e Califórnia

David Schildknecht: Borgonha e Champagne

Antonio Galloni: Piemonte e Toscana

Jay Miller: Porto, Espanha e Austrália

Mark Squires: Portugal

The Wine Spectator

James Suckling: Bordeaux, Piemonte e Toscana

James Laube: Califórnia

Bruce Sanderson: Borgonha e Champagne

James Molesworth: Rhône

Harvey Steiman: Austrália

Stephen Tanzer

Borgonha e Rhône

Allen Meadows

Pinot Noir da Borgonha e Estados Unidos

2) Safras excepcionais

Normalmente, os investidores procuram vinhos de safras consagradas no mercado, porque, do ponto de vista dos consumidores, é mais fácil lembrar algumas grandes safras do que vários vinhos acima de 95 pontos.

3) Longevidade

Quanto maior é o tempo que o vinho pode viver dentro da garrafa, maior é a chance de sua valorização, portanto, não faz sentido investir em vinhos que não poderão envelhecer bem por 30 anos no mínimo.

4) Pedigree

Este conceito é especialmente válido em regiões com grande valor histórico como Bordeaux e Borgonha, em que o peso do produtor supera muitas vezes a pontuação de um vinho ou safra específica.

No caso dos vinhos IGW, os produtores são divididos em três níveis:

1º nível - São os vinhos mais famosos e caros de cada região. Estes vinhos normalmente não possuem teto de preços e, nos últimos 50 anos, apresentam os maiores índices de lucratividade dos IGWs;

2º nível - Este grupo possui uma boa seleção de vinhos e valor de compra bem mais razoável do que os vinhos do 1º nível, mas, apesar disso, sua valorização é limitada no mercado. Por esse motivo, os investidores preferem somente os vinhos do 2º nível de altíssima pontuação;

3º nível - Este é o nível dos "vinhos emergentes", muitos dos quais já conhecidos pelos consumidores, mas que apresentam melhoras sistemáticas de qualidade e altas pontuações nos últimos anos. Do ponto de vista de investimento, só justificam o risco quando sobem para o 2º nível, o que faz com que seus preços disparem no mercado.

5) Histórico de Valorização

A melhor forma de prever o preço de um vinho no futuro é comparar seu histórico de valorização das safras passadas com o preço atual. O mercado paga um prêmio quando o vinho está maduro (e normalmente escasso), especialmente das safras mais famosas.

6) Liquidez

Para a correta formação do preço de um vinho, ele precisa ter liquidez no mercado internacional, pois o seu valor atual necessita ser confirmado por vários negócios em praças diferentes no mundo. Por isso, é importante estar sempre atento aos leilões de casas especializadas como Sotheby's e Christie's e a bolsa de vinhos finos de Londres (Liv-ex).

Resumindo

O fato de o mercado ter criado recentemente a sigla IGW para uma categoria específica de vinhos não é novidade nenhuma em locais como Bordeaux, já que, em 1855, a histórica classificação desta região foi baseada nos preços praticados pelos mercadores ingleses nas décadas anteriores.

O consumidor interessado deve ficar atento, pois nem todos os vinhos que ele considera "blue chips" ou "superstars", têm potencial de valorização no mercado internacional, mas, se estiver com a carteira correta de vinhos, ela terá uma valorização maior do que outros ativos ligados aos índices Dow Jones e o FTSE- 100 (ver gráfico).

O melhor a fazer é acompanhar o mercado para saber o momento certo de comprar um vinho IGW, seja ele para ser degustado ou não.

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